terça-feira, 12 de abril de 2011

Christopher Bailey, o luxo da Burberry

Combina luxo e serenidade através duma elegância britânica propositadamente desordenada. O objectivo? Manter a jovialidade que deu à lendária marca Burberry. A sua grande aliada? A mãe natureza.

Há cerca de sete anos atrás, depois de estudar na universidade de Westminster e de trabalhar para marcas como Donna Karan ou Gucci, um humilde Christopher Bailey dava os primeiros passos como director criativo da Burberry. Em pouco tempo, convertia-se num dos melhores designers de moda da deécada e no responsável principal pela entrada da Burberry no rol das luxury brands mais influentes no cenário da moda internacional. Uma nova linha, a Burberry Prorsum, foi o seu principal fio condutor para colocar em primeira linha uma marca obsoleta com mais de um século de história.

Integrar a contemporaneidade no tradicional estilo da firma foi o seu primeiro desafio ao mesmo tempo que actualizava alguns dos seus elementos icónicos. Três anos mais tarde, tinha conseguido ambos os objectivos e deparava-se entao com um novo propósito: garantir que a sua visão sobre a nova Burberry subsistisse.

No final de 2008, sob a direcção artística de Bailey, a Burberry podia gabar-se de ter conseguido reconhecimento global, acessórios invejáveis e campanhas de publicidade icónicas. Nessa altura, quando o seu estilo próprio está bem definido dentro do estilo da Burberry, os prémios londrinos de maior prestigio, os BFA, nomearam-no designer do ano.


Começaste na Burberry há cerca de 7 anos atrás. Ainda te sentes na fase lua-de-mel?

Ao longo dos sete anos que tenho passado na Burberry aconteceram imensos momentos incríveis, que incluem o entusiasmo de fazer parte de uma companhia que está em constante desenvolvimento, e poder dar forma a uma histórica marca britânica com uma herança de luxo impressionante.

Como Director Criativo da Burberry (responsável por todo o império, desde o pronto-a-vestir, passando pela Burberry London, Burberry Prorsum e Thomas Burberry, incluindo roupa de criança, acessórios, óculos de sol, perfumes...) a tua vida deve ser cheia de responsabilidades. Como lidas com isso? Gostas de trabalhar sob pressão?

Se numa manha nos dedicamos a carteiras de senhora, à tarde preocupamo-nos com o pronto-a-vestir, no dia seguinte com as campanhas publicitárias, e no outro com o décor das novas lojas, etc. Temos tantos planos entusiasmantes e tantos desafios pela nossa frente que tentamos inventar um oitavo dia na semana. Similarmente, adorei construir uma equipa divertida de pessoas incríveis que mantêm o mesmo nível de paixão e de dedicação de quando começámos.

Além disso, também manténs um olho no design das novas lojas, das campanhas publicitárias, enfim em todos os aspectos da marca. Não será trabalho demais?

Quando vejo agora como a Burberry se desenvolveu, se estendeu e se modernizou sinto que tudo aconteceu muito rapidamente. Mas sei que parece ter passado muito rápido porque adoro trabalhar aqui.

O que é que fazes para desanuviar?

Vou a Yorkshire sempre que posso. Para mim continua a ser algo incrível poder estar quer em Londres quer em Yorkshire. Quando estou lá aproveito para desanuviar. Vejo os amigos com quem cresci, leio, faço jardinagem e claro dou uma saltada até aos pubs.

Qual é a chave do teu trabalho?

Gosto de uma aproximação à moda com bom senso, tem a ver com a maneira como vives. Sinto-me sortudo por gostar do que faco. Acredito na filosofia das grandes equipas. Sei que é um clichê mas o sucesso nao tem a ver com uma ou duas pessoas e nao se deve apenas ao design. Temos compradores, especialistas de marketing, todos contribuem. Sinto-me afortunado por ter encontrado isto na vida. Muitas pessoas nao o fazem.

A Burberry ajusta-se a toda a gente. Tem um lado tradicional mas também um lado moderno e trendy. A longevidade da companhia ajudam-te a pôr as coisas em perspectiva?

Sei que o trench estará sempre presente porque é uma peca intemporal. Um rapaz de 16 anos comprará o mesmo casaco que um homem de negócios de 70 anos, tem a ver com a forma como o usas. A gabardina Burberry ajusta-se ao teu próprio estilo, é por isso que temos esta história surpreendente em que todos, desde a Rainha de Inglaterra aos Sex Pistols, a fazendeiros, a artistas e a várias pessoas de diferentes idades, géneros e ocupacoes, a usam. É importante traduzirmos a nossa história de forma contemporânea.

Acabas de mudar-te para um novo atelier em Londres, de expandir a colecção de calçado, lançar a versão masculina do perfume Beat. Tantas novidades a acontecer ao mesmo tempo...

Estou muito orgulhoso do novo edifício. É uma inspiracao surpreendente para a marca. Este escritório transformou-se num caso de amor para mim e sinto-me incrivelmente privilegiado por ter trabalhado neste projecto com uma equipa fantástica. A Casa Horseferry é muito mais que um edifício, é um símbolo da companhia.

E agora, o que é que se segue?

Acabamos de apresentar a coleccao de homem da Burberry Prorsum para o próximo Outono/Inverno em Milao e estou a trabalhar a colecção de senhora que vamos apresentar brevemente.


Ainda em relação à colecção de Primavera 09, onde é que foste buscar a inspiração?

As Garden Girls - o nome diz tudo - divertem-se com gabardinas. Um impermeável para todos os momentos. A colecção reflecte o nosso icónico outwear, desde o trench degradé até ao mais relaxado e desestruturado passando pelo casaco para a noite.

Na Semana de Moda de Milão, onde mostras a tua colecção lado a lado com a Gucci e a Prada na mesma noite, o que é que tens de reunir para criar impacto?

A Burberry tem uma maravilhosa e rica cultura e um historial de 153 anos. Temos as fundações, uma história fantástica e uma grande equipa.

Luzes, equipamento, sistema de som, décor, bastidores, primeira fila... tudo é planeado ao detalhe e projectado por ti para ecoar o tema do desfile, certo?

O desfile da coleccao eÅL como uma “semente” para a estacao inteira, por isso é realmente importante que tudo se reflicta no ambiente e na sensação do espaco.

Recentemente foste galardoado com um “Oscar” britânico da moda, o British Fashion Award, como melhor designer de 2008. O que é que este prémio te fez sentir?

Digo sempre que nao se trata de uma pessoa apenas, mas sim das pessoas à minha volta e de fazer parte de uma equipa, assim nós conseguimos tudo juntos.

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