quarta-feira, 13 de abril de 2011

Yves Saint Laurent - Sedução e ousadia marcam suas criações

Ele levou as mulheres para viajar pelo mundo sem sair de casa, desnudou costas, investiu em transparência e criou as botas mais sensuais do mundo. 

FONTES: REVISTAS ELLE E MANEQUIM - FOTOS FONDATION PIERRE BERGÉ –YVES SAINT LAURENT 

O homeme que colocou o smoking nos guarda-roupas femininos e transformou as botas de cano altíssimo em fetiche descobriu cedo sua paixão pela moda. Tinha apenas 13 anos quando assistiu à peça Escola de Mulheres, de Molière, e ficou encantado com os figurinos de Christian Bérard.]. Aos 17, já estava trabalhando na maison Christian Dior e, aos 19, passou a ser assistente do titular da grife. Em 1957 quando Dior morreu, Saint Laurent assumiu a crianção da marca e lançou um de seus maiores sucessos, a coleção Trapézio - com vestidos de ombros estreitos, corpete semiajustado e saia evasê. 

Em 1961 Em 1961 Em 1961, o estilista resolveu voar sozinho e abriu, com Pierre Bergé – seu amigo, sócio e companheiro por 50 anos –, a YSL, sua marca própria, com sede na Rue Spontini, em Paris. Sua primeira coleção solo, apresentada no ano seguinte, conquistou a crítica: tailleurs, cabans e camisas soltas rompiam o padrão de frufrus e musselines, até então em voga na alta-costura. A partir daí, ele seria conhecido como Príncipe da Moda.

Mestre em captar as mudanças da sociedade,  Saint Laurent foi o primeiro integrante do grupo dos estilistas da alta-costura (no qual desfilou de 1962 a 2002) a se modernizar e lançar uma loja de prêt-à-porter em Paris, em 1966, com Catherine Deneuve como madrinha. “Queria ver as estudantes de Saint-Germain-des-Près usando roupas minhas”, dizia Yves, brincando. 

Globalização e arte

Nascido em Oran, na Argélia (em 1936), ele resolveu colocar a África em sua passarela e deu vida ao look safári. Sem sair de seu ateliê, inventou looks que faziam as mulheres viajar pela Rússia, Ásia, Espanha, iniciativa que o transformou no precursor da moda globalizada. 

YSL flertou também com a arte, reproduzindo quadros de Mondrian em vestidos retos e criando casacos inspirados nos girassóis de Van Gogh. Andy Warhol serviu de inspiração para a coleção Pop Art e, em retribuição, Warhol faria retratos de YSL. O próprio estilista também deu vazão a seu lado artístico: para mostrar os desenhos que fazia com frequência, publicou, em 1967, La Vilaine Lulu. A história mostra uma personagem que satiriza a “mente pequena” dos costureiros e o rígido código social da época. Mais insolente (e genial), impossível.

Sua contribuição mais famosa à moda talvez tenha sido o smoking feminino: “Há a preocupação de igualdade e não de revanche em todos os empréstimos que as mulheres tomam dos homens. É uma necessidade de estar perto deles, sem querer nem imitá-los nem copiá-los, mas simplesmente encontrá-los”, declarou. A calça na altura dos joelhos – conhecida como “knickers” – também é criação sua. Fez parte da coleção pajem, de 1966, inspirada no livro Le Petit Lord Fauntleroy.

Tímido, Yves surpreendeu ao usar transparências em vestidos que deixavam os seios à mostra. Trabalhando com opostos (fragilidade versus sensualidade), ele usou elementos como botas extralongas e costas nuas para criar mulheres que despertam a imaginação e que foram imortalizadas pelo fotógrafo alemão Helmut Newton.

O legado

Os perfumes também marcaram sua carreira – o primeiro, Y, foi criado em 1964. Três anos depois, ele surpreendeu o mundo com Opium, um perfume que chegou a ser proibido nos Estados Unidos por causa da campanha “lasciva”. Chocou ainda ao posar nu na propaganda de seu perfume masculino.

Saint Laurent morreu em 2008 e foi o último de uma geração de mestres que inclui Christian Dior e Coco Chanel. O comando da maison ficou a cargo de Stefano Pilati, que assumiu a direção criativa em 2004, substituindo Tom Ford, criticado por diluir a personalidade da YSL. Pilati, por sua vez, recebe elogios por suas formas apuradas e por seu respeito pela história da grife. É ele o responsável por dar continuidade a uma tradição que inclui a mistura elegante de padronagens – com o xadrez sempre presente.

O certo é que a marca deve continuar fugindo do óbvio, como Saint Laurent fez com sua noivas (tradição na haute-coutur6e), que apareceram ora negras, ora em forma de casulo, remetendo a bonecas russas. Em YSL, o adjetivo-chave é “inesperado”.

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